ENSAIO ARQUITETÔNICO
PLANO, VOLUME E ROCHA
O projeto surge pela necessidade
da construção de uma percepção Plástica além dos conceitos subjetivos,
utilizando-se uma composição feita por um volume de máximos 54m², um plano
vertical, um plano horizontal, uma coluna, escadas, uma árvore e uma rocha. O
principal embasamento teórico para análise foi a Escola da Psicologia da Forma,
a Gestalt, e seus conceitos.
A composição da maquete
iniciou-se com uma análise da utilização da sequência de Fibonacci na
Arquitetura. A partir da organização de circunferências de raio que respeitava
tal sequência (1, 1, 2, 3 e 5), elas foram ligadas por linhas curvas, formando
o desenho básico do volume – cujas formas foram depois adaptadas à área
requisitada e em prol de um projeto mais harmônico, conforme os outros
componentes eram desenvolvidos.
O plano horizontal, posicionado
acima do volume, mantém as formas curvas do mesmo. A peça vertical quebra tal
ordem, sendo formado por dois planos ligados por um ângulo obtuso. A coluna
atravessa o volume, do chão, chegando até o plano horizontal. O pé direito é de
2,5m.
Os elementos são articulados de
modo a criar equilíbrio entre as partes, a partir de um eixo diagonal,
organizado por três “pontos” – plano horizontal, volume e plano vertical. As
colunas são colocadas opostas ao plano inferior – paralelo ao superior. A
rocha, atrás do plano vertical, é utilizada como apoio para o volume. Ao seu
lado, na parte de trás ainda, escadas ligam os pavimentos. Para equilibrar os
elementos em descendência no lado esquerdo, formando uma quase hipotenusa de triângulo
retângulo, o plano superior é lentamente deslocado para a direita, forçando um
posicionamento das colunas próximas à arestas/faces.
A árvore é colocada “sob” o plano
horizontal, no extremo de uma reta que atravesse a rocha e as colunas. O solo,
coberto com grama, possui uma área concretada, delimitada pela árvore e pela
rocha, de formas arredondadas. Não extrapolando também os próprios limites da
projeção do volume sobre o chão, dá ao projeto um caráter ensimesmado.
Apesar da pregnância da forma do
volume – há certa semelhança com um piano –, partindo do princípio de que a
visão privilegiada do projeto seja a terrena, não a vista superior, tal fato
não se constitui como uma desvantagem à percepção do projeto. A articulação e a
proximidade dos elementos constituintes levam à uma fragmentação da visão em
detrimento do todo.
Comparando o projeto à Villa La Rotonda, de Andrea Palladio (Vicenza, Itália), percebe-se
uma grande diferença em termos de simetria. A racionalidade e os eixos verticais de dividem perfeitamente a Villa, em todas as fachadas, chocam-se com a falta de simetria evidente na composição entre os planos, o volume e a rocha. Além disso, seu diálogo com a linguagem arquitetônica greco-romana, valendo-se de colunas e ornamentos típicos, é oposta à simplicidade do projeto desenvolvido em sala de aula.
Pode-se também mencionar a presença de janelas e da escada grandiosa, na Villa, em oposição ao volume fechado e aos pares de escadas simples e escondidos dos olhos que se aproximarem pela frente da edificação. A relação com a natureza também é diferente entre ambas - as maiores árvores estão mais distantes do prédio italiano, enquanto se relacionam com maior proximidade no projeto universitário.